26 de setembro de 2011

Planejamento espiritual da família




No estado errante, o Espírito mesmo "escolhe o gênero de provas que deseja sofrer; nisto consiste o seu livre arbítrio" . O acaso, propriamente considerado, não pode entrar nas cogitações do sincero discípulo do Evangelho. Observe-se, entretanto, que o Espírito escolhe "o gênero de provas"; os detalhes são conseqüência da posição escolhida e freqüentemente de suas próprias ações. "Somente os grandes acontecimentos, que influem no destino, estão previstos" Além disso há duas clássicas exceções à regra geral de escolha das provas:

1) quando o Espírito é simples, ignorante e sem experiência, "Deus supre a sua inexperiência, traçando-lhe o caminho que deve seguir"
2) quando possuído pela má vontade ou sendo ainda muito atrasado, Deus pode impor-lhe uma existência que sabe lhe será útil ao progresso; mas "Deus sabe esperar: não precipita a expiação"

A dúvida relativamente à planificação espiritual do casamento pode ser desfeita com os ensinamentos seguintes, transmitidos por Emmanuel, que foi mentor espiritual da obra de Francisco Cândido Xavier:

1.) Habitualmente somos nós mesmos quem planifica a formação da família, antes do renascimento terrestre, com o amparo e a supervisão dos instrutores beneméritos. Comumente chamamos a nós antigos companheiros de aventuras infelizes, programando-lhes a volta em nosso convívio, a prometer-lhes socorro e oportunidade, em que se lhes reedifique a esperança de elevação e resgate, burilamento e melhoria. De todos os institutos sociais existentes na Terra, a família é o mais importante, do ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida

2.) O colégio familiar tem suas origens sagradas na esfera espiritual. Em seus laços, reúnem-se todos aqueles que se comprometeram, no Além, a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva

3.) O matrimônio na Terra é sempre uma resultante de determinadas resoluções tomadas na vida do Infinito, antes da reencarnação dos Espíritos, razão pela qual os consórcios humanos estão previstos na existência dos indivíduos, no quadro escuro das provas expiatórias ou no acervo de valores das missões que regeneram e santificam. E para que possam bem cumprir seus deveres, faz-se mister a mais entranhada fé em Deus, visto que na prece e na vigilância espiritual encontrarão sempre as melhores defesas.

4.) Quase sempre, Espíritos vinculados ao casal interessam-se na Vida Maior pela constituição da família, à face das próprias necessidades de aprimoramento e resgate, progresso e autocorrigenda. Em vista disso, cooperam, em ação decisiva, na aproximação dos futuros pais, aportando em casa, pelos processos da gravidez e do berço, reclamando naturalmente a quota de carinho e atenção que lhes é devida.

Tipos de casamento existentes na Terra:

Diz-nos André Luiz que quatro são os tipos de casamento na Terra:
- Há uniões marcadas pelo amor;
- Há casamentos em que a fraternidade é o sentimento dominante;
- Existem uniões de provação;
- Os casamentos criados pelo dever.

("Nosso Lar", obra psicografada por Francisco Cândido Xavier, cap. 38, pág. 212).
O matrimônio espiritual realiza-se alma com alma. "Os demais representam simples conciliações para a solução de processos retificadores" Ainda no mesmo livro, o autor transmite-nos a informação de que "na fase atual evolutiva do planeta, existem na esfera carnal raríssimas uniões de almas gêmeas, reduzidos matrimônios de almas irmãs ou afins, e esmagadora porcentagem de ligações de resgate. O maior número de casais humanos é constituído de verdadeiros forçados, sob algemas"

E foi por essa ocasião que André Luiz tomou conhecimento da experiência de seu amigo Lísias, que se noivou no plano espiritual, preparando seu retorno à Terra, em nova encarnação. Ele ignorava até então que as bases do casamento terrestre se encontram na vida espiritual, mas sua maior surpresa foi saber que Lísias e sua noiva já haviam acumulado vários fracassos na experiência do matrimônio na Terra, em virtude da imprevidência e da falta de autodomínio, razões de sua perdição no pretérito.

O casamento na visão atual.
Se analisarmos o Evangelho do Mestre Jesus, veremos que não está instituído, em nenhum momento dele, o casamento como acto de ligação a Deus (acto religioso) ou de fé. Veremos que o Cristo fala, a respeito da união de Homem e Mulher " não separe o Homem o que Deus uniu ", que foi tomado como base teológica para o ritual (sacramento) do casamento e da indissolubilidade eterna do casamento religioso.

Em verdade, o que o Cristo pretendeu nos dizer, é que o amor verdadeiro entre Homem e Mulher, é consequência do Amor Divino que é, assim, verdadeiramente abençoado por Deus, e que o Homem (ser humano), não deve tentar separar as pessoas que se unem pelo amor verdadeiro, pois a esses, Deus (AMOR) uniu.

Na verdade, o casamento religioso foi, durante muitos séculos, a única forma de "legalizar", de "oficializar" a ligação estável entre Homem e Mulher, de estabelecer regras de conduta e de responsabilidade para o "casamento", para a vida familiar. Devemos nos lembrar que a época, não havia registros, não havia cartórios, sistemas de documentações, certidões, leis, etc.

Inicialmente, apenas o poder moral da Religião e o medo da "punição Divina" garantia os direitos e deveres no casamento. O Sacerdote ou o Pastor ou o Curandeiro ou o Monge, exerciam o papel de "fiador" do compromisso, em nome da Divindade, do Ser Superior.

Mais tarde, as Igrejas, as Ordens Religiosas, os Templos, quando já existia a escrita, mantida apenas em grupos herméticos e de iniciados, passaram também a proceder e manter o registro formal das uniões (casamento), ampliando a estabilidade das mesmas, pela possibilidade de encontrar-se registro de quem era ou não casado.

Em muitas culturas e religiões, antigamente e mesmo hoje em dia, o casamento não é um ritual religioso, mas sim uma cerimónia familiar, onde o compromisso de Homem e Mulher é assumido, pelos noivos, perante a comunidade, perante a família e perante o representante da Religião, sendo o casamento celebrado pelo Patriarca ou Matriarca da família, e não pelo Sacerdote ou representante religioso. Mas também desse modo cumpre seu efeito de "fiador" e estabilizador da união.

Também é importante lembrar uma realidade estatística: - todas as Religiões Judaico-Cristãs do mundo, somados todos os seus adeptos declarados, constituem cerca de 1/3 (33%) da população mundial. Portanto, cerca de 2/3 da população mundial não segue o Cristianismo, e têm outros conceitos a respeito do casamento e da forma de celebrá-lo.

Com a evolução da sociedade, com a criação das Constituições dos países, das Leis, do avanço e aperfeiçoamento do registro público, o casamento civil passou a ser o controlador da estabilidade, dos direitos e dos deveres do casamento, da protecção da mulher e dos filhos, da garantia de herança e sucessão.

O casamento religioso ficou como o rito ou Sacramento específico das Religiões, especialmente as Judaico-Cristãs. Mais modernamente, veio se transformando muito mais numa ocasião social do que num acto de fé verdadeira, o que está sobejamente demonstrado pelo enorme número de separações que ocorre entre uniões com menos de 5 anos de duração, quase todos casados também em cerimónia religiosa.

Quando o Espiritismo surgiu, o casamento civil já era uma realidade. Não havia mais necessidade do casamento religioso como "regulador". O Espiritismo, baseado na fé raciocinada, na fé verdadeira, na lógica e na razão, não trouxe para seu seio nenhum ritual. A sociedade já podia dispensá-los. A ligação com Deus (Religião) nunca precisou deles. O Evangelho do Cristo era para ser praticado no dia-a-dia, e não transformado em rituais.

Não estamos aqui falando mal do casamento religioso. Muito pelo contrário. O extremo respeito que o Espiritismo tem pelas Religiões, já nos impediria disso. Cada um deve seguir o que preceitua sua crença religiosa. Só estamos explicando porque o Espiritismo não tem a cerimónia ou ritual de casamento, e porque os Espíritas formalizam sua união no civil, não necessitando do casamento religioso enquanto ritual, cerimónia ou preceito religioso.

Para os espíritas, existe um guia seguro para que os casais aprenderem a consolidar sua união no dia-a-dia. É a prática da própria Doutrina Espírita, em sua integralidade. E tudo pode ser resumido em três palavras: Amor, Tolerância e Perdão. E num exercício diário: o do aprendizado constante.

Ao decidir pelo casamento, Homem e Mulher estão assumindo uma grande responsabilidade, um grande compromisso. Estão iniciando uma nova família. A família é, e sempre será, a grande escola de evolução, de aprendizado, de crescimento espiritual, se bem aproveitada. Cabe a cada casal fazer com que sua família seja a melhor das escolas, a que ensina o caminho de apreender-se a felicidade.

Para isso, devem ter em mente que sua nova família deve ensinar amor e caridade. Para ensinar, é necessário praticar. Praticar diariamente. Aprender com os erros. Aprender a não mais errar. Aprender a acertar cada dia mais. Aprender a ser feliz.

Esse é o casamento verdadeiramente abençoado por Deus.
E ele independe das religiões.

Fontes:
(O Livro dos Espíritos, 695, 696 e 701).
(O Livro dos Espíritos, 774 e 775).
(O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. 22, item 3).
(O Livro dos Espíritos, 262-A e 337).
(O Livro dos Espíritos, 258, 851 e 866).

(Emmanuel, Vida e Sexo, cap. 11).
(Emmanuel, Vida e Sexo, cap. 17).

(Emmanuel, O Consolador, pergunta 186).
(Emmanuel, O Consolador, pergunta 179).
(Emmanuel, O Consolador, pergunta 175). ,
(Emmanuel, O Consolador, pergunta 188).

("Nosso Lar", cap. 20, pág. 113).

ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO.
Londrina, Paraná (Brasil)

Artigo escrito em Outubro de 2002.
Carlos Augusto
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